30 dezembro 2010

De corpo e alma

Eu nunca tinha pensado o quão profundas coisas aparentemente estúpidas podem ser. A maioria dos animes assistidos por mim - em especial aqueles mais toscos - nunca me levaram a grandes reflexões. E ontem, conversando com outra pessoa, percebi que a lógica a princípio maniqueísta e moralista de alguns animes escondem raciocínios muito concretos - e profundamente embasados na lógica medicinal do Oriente.
Que os humores fisiológicos e o psicológicos se entrelaçam, isso já é aceito como fato por todo o mundo. Agora, o que eu não esperava é a hipótese de que um comportamento usual, um problema mal resolvido, ou uma postura defensiva e fechada pudesse levar ao desenvolvimento de um câncer. É conhecido que Freud tratava distúrbios fisiológicos através da análise, mas, não sei se foi ingenuidade minha, nunca havia levado esse raciocínio ao extremo. Poderia o comportamento de alguém, que nunca fumou nada ao longo da vida, desenvolver um câncer que só aparece em fumantes? Mais do que isso: faria efeito o tratamento se essa postura não se alterasse? Seria necessária análise para que as coisas retornassem aos eixos?
E onde entram os animes nessa história? Livre associação de ideias, provavelmente, dado que não é uma analogia muito boa. Mas os orientais insistem (e eu me lembro especialmente de Inuyasha) na correção das ações e do pensamento para a purificação, e a Shikon no Tama provocava alterações no corpo de pessoas "corrompidas". Enquanto isso, xxxHolic faz o paralelo entre distúrbios psíquicos, as energias emanadas e consequências físicas. Saindo do universo dos animes, a acupuntura insiste no acompanhamento psicológico para a sua prática ter eficácia.
Parando para ponderar sobre esse assunto, elas conclusões parecem meio óbvias. Mas foi um momento epifânico.
E nem sei se essa derivação existe.

07 dezembro 2010

carência = amor ?

01 dezembro 2010

CineMinuto 2

No image.
"It's coming.
It's coming down the mountains, it'll spread through the air, it'll enter your house, your body and soul. It'll laugh at humankind, it'll kill and give birth, and, someday, it'll vanish... Things will remain changed - what about that, huh? - and life will go on.
But it's coming, I'm sure it is".
"But, mate, what is coming?"
Sound of liquid being sucked.
A gasp.
Silence.

31 outubro 2010

Somewhere, some night...

“Your Majesty, thou shall wake up hurrily... Your Majesty!”
“What..?”
“Your Majesty, I am terribly sorry for being as irritating as a woodpecker carving its nest, but ye must raise your body! Something awful happened and Counselor Whittingham is waiting for ye!”
“I was having a sweet dream, so it better be important.”
“I beg ye to rush... here is your robe, Your Majesty.”
“Where is William? Give me my slippers; this floor is freezing my feet just like the caress of Death.”
“Counselor is waiting for Your Majesty at the entrance of the chamber. Here they are, let me put them on for ye.”
“I appreciate your kindness, ancient Clarisse. Ye should stay here.”
“As ye wish, my sire.”
Clarisse stands still, the king crosses the door.

“Milord!”
“What’s happening, William? Why are we speaking at this time of night? It's time for demons to wander and conspire, not kings.”
“I beg thy pardon, but thy vigil shall not be in vain. The Duke of Wallerstein has stood up against Your Majesty's troops, and an envoy hath just arrived from the battle, claiming reinforcements. I took the liberty of congregating all thy knights. They're waiting for thee.”
“That man could be nothing but a rascal. We shall go.”
The steps from the Counselor’s wooden heel echo through the corridor.
“Your Majesty, I have some issues which should be brought up before the meeting.”
“Thou shall release thy thoughts, loyal William.”
“Richard Durkan’s army was the most affected by the struggle. It would seem sensible if thou giveth him some kind of compensation.”
“Indeed.”
“And Mark Lunn is there. Your Majesty must remember that he was the closest man to Wallerstein. Therefore, I recommend that we should keep an eye on him.”
“Obviously” they reach a closed door “Anything else?”
“Last but not least – I assure you... Here in these papers lie some radical changes that I propose for the strategy of the battle. They are the content of this sheet.”
“I will examine them carefully, then.”
“Good luck, my sire.”
“Luck serves only weak people.”
The king opens the door and enters.

20 outubro 2010

Porque a vida é movimento

Tem dias que simplesmente a gente não consegue ficar aterrado no mundo. Tem dias que, sentado no metrô, ainda que numa posição desconfortável, a gente chega no ponto final e não quer levantar. Ainda que o túnel ruja, ainda que o pé esteja enregelado, ainda que esteja tarde e a gente esteja com fome. Não dá vontade de sair dali. Não dá vontade de viver.

19 outubro 2010

Zeca

o dia corre assim veloz
o dia corre além de nós...

24 setembro 2010

Vi.

Eram olhos felinos
____________ferinos
____________vendidos
__vermelhos, fodidos na floresta de olhos
_________________na infinidade de espólios humanos

se esvaía na quina
______na esquina
__________da via
____________vazia
__________de espaços e silêncios

vociferava pela calçada
___extremista e irada
________a turba de
____________gentes
________fremia
____________virava, insana manada
pelo olho da rua

fugaz foi a vista
______dos olhos
do par intimista
___que vi na virada
_________na curva
____________da quadra.

13 setembro 2010

do not forget

  • Lemonade √
  • aparelho √
  • riempire lo zaino √
  • celular √
  • ânimo
  • remédios √
  • anima
  • me.

11 agosto 2010

Santos

Vejo na linha do horizonte luzes de uma cidade. Luzes que dividem a água do ar, o preto do preto - parecem estrelas que, ao invés de estarem dispersas pelo céu, resolveram congregar-se em uma linha horizontal.
Lá longe há uma cidade. Uma cidade de containers, de ratos, de cascos com cracas, de sujeira. Talvez um punhado de humanos. Uma cidade de luzes, mergulhada no (m)ar salobro, tênue na cisão entre fluidos salgados.
No escuro, ela até parece frágil. Na claridade latejante e nublada, parece um tributo. Sabe-se lá ao quê.

31 julho 2010

Ele

era como um animal silvestre, não propriamente acanhado. não parecia seguir quaisquer tipos de comportamento racional - se é que racionalidade é uma característica dos seres humanos, no que diz respeito às ondulações emotivas (o que, há de se convir, é meio desconexo: porque o emocional teria um nome diferente se fosse composto do mesmo princípio da racionalidade?). não parecia estar seguro de si, nem do que queria; era uma grande flutuação, uma garrafa com alguma mensagem cifrada à deriva, impulsionada pelos sabores e dissabores da maré. se por algum momento avançava, impulsionando a imaginação, a esperança e a excitação de que algo por fim se modificasse e se tornasse algo diverso daquele impasse desconfortável, daquela distância estranha (aquela que quer fingir que não existe ou que se reduz, mas na realidade só aumenta... uma verdadeira ilusão de ótica!); se algo por ventura ousasse transpor esse limite que eu não saberia dizer qual é, o retrocesso era garantido, para não dizer brusco e evidente. era o molusco que, ao menor sinal de perigo, se recolhia à proteção. tudo então retornava aos dois conhecidos que se encontravam por acaso em um sábado de manhã, os ois, tudo bens, como vai a vida, o cachorro, a música...
é incrível ainda como se exaspera com essas situações, embora vividas, revividas, tetravividas - parecem sempre novas, como se fosse a primeira vez que o tango se misturasse ao ar.
sensação velha e surpresa ao se deparar com ela.

29 julho 2010

Le mani.

"...[a morte] entretém-se agora a observar o músico, esperando que a expressão da cara lhe revele o que está a faltar, ou talvez as mãos, as mãos são dois livros abertos, não pelas razões, supostas ou autênticas, da quiromancia, com as suas linhas do coração e da vida, da vida, meus senhores, ouviram bem, da vida, mas porque falam quando se abrem ou se fecham, quando acariciam ou golpeiam, quando enxugam uma lágrima ou disfarçam um sorriso, quando se pousam sobre um ombro ou acenam adeus, quando trabalham, quando estão quietas, quando dormem, quando despertam (...)"

(Sara-mago)

15 julho 2010

è solo che...

...mi persi.

mi sono accorta mentre cercavo la licenza A-32 che mi persi. Non so dire da quanto tempo, ma non riesco a trovarmi.
Mi manca un pezzo che non so dov'è, anzi, non so cos'è. Era questa sensazione che mi disturbava e non sapevo cos'era - e ce l'ho da un sacco di tempo (mesi...)

14 julho 2010

olha aqui...

...da próxima vez, Solidão, bata na porta antes de entrar. Não aguento mais esse lance de você se infiltrar como quem não quer nada, como se fosse um gás.
Sua insípida.
By the way, odeio esse seu hábito de me tirar o gosto das coisas. Se tem uma coisa que eu adoro é comer, e me deixar com essa sensação de gosto de cabo de guarda chuva na boca é muito pouco sensível da sua parte.
Antes que eu me esqueça, me devolva a Vontade de Escrever, porque ela anda a fazer falta.
E sim, vai tomar no cu.

23 junho 2010

GdP

ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio... pinocchio?
Ginocchio di Pinocchio.

16 junho 2010

que é isso maquinista?!

passa boi
passa boiada
passa tudo
fica nada
fico eu
ali atrás,
bem no fundo,
um'incapaz.

30 maio 2010

L'agopunturista.

Ciao Giorgio,
come stai? È già da un paio di mesi che non ti scrivo niente, scusa. So che tu sei occupato (non smetti di lavorare neanche dormendo, vero?), ma ho bisogno di dire qualcosa a qualcuno e, mi dispiace, tu sarai il 'qualcuno'.
Prima di tutto, devo raccontarti che ho iniziato un lavoro, circa di due mesi fa, per perfezionare il mio corso di terapie alternative (il cui penso che sia un poco troppo semplice). Va be', di qualsiasi maniera, un professore mi ha indicato questo agopunturista, dicendo che sarebbe probabilmente il più bravo della città. Ho cominciato a lavorare con lui, e tutto che potevo dire di quel periodo era che lui era molto simpatico e buono con me. Mi sono messa a lavorare nella reception della clinica, a cambiare la protezione della barella e gli aghi tra le sedute, ed anche a toglierli dai pazienti. Alcune volte al giorno, lui mi faceva accompagnarlo per guardare l'introduzione degli aghi. Era tutto bello in quell'epoca.
Dopo alcune settimane (tre, forse), mi sono accorta che qualcosa non andava tanto bene come immaginavo. Le pazienti – sì, solamente le donne – arrivavano un po'... come se dice? Ghiotte, forse. Ecco, loro arrivavano ghiotte, oppure come se fossero in una crisi di astinenza. Erano tutte arrabiate ed impazienti, e volevano cominciare subito le sedute. Gli uomini, però, stavano normali, seduti e zitti tra le donne infuriate. E peggio, dopo la seduta le donne uscivano con una faccia da aver trovato il paradiso in terra, allora ho cominciato a sospettare di qualcosa. Nelle sedute che andavo insieme al dottore, ho guardato con attenzione tutti i punti che lui prendeva – negli uomini e nelle donne. E Giorgio, tu conosci la mia memoria, non mi scordo di niente. Ho fatto dei mappi, con i punti utilizzati, per alcune settimane. Dopo mi sono andata alla biblioteca dell'università, ed ho cercato tutti i punti comuni. Giorgio! Ho trovato che uno di quelli (che era usato solo nelle donne) non esisteva da nessuna parte, in nessun libro! Allora, cosa devo fare? Certamente è questo punto che fa impazzire le donne.
Ho deciso di cercare ancora nei libri della biblioteca personale del dottore (lui mi ha detto quando ho cominciato a lavorare con lui che potevo fare uso illimitato). Ma, Giorgio, e adesso..?
Devo andare al lavoro, allora mi congedo.
Aspetto la tua risposta.
Anna.

16 maio 2010

Silence-ing.

Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

11 maio 2010

Um gato.

Você está em uma casa vazia e passa por um gato. Que gracinha. Abaixa-se para acariciá-lo e ele parece enlouquecer. Endemoniado, ele começa a arranhar tudo de você que está ao seu alcance. A dor é excruciante, você tenta afastá-lo com as mãos, ele as dilacera; você tenta afastá-lo com o pé, ele o rasga. Você corre pelo corredor vazio da casa, e ele vem no encalço, como que enganchado em sua pele da perna. A dor lhe faz perder o desejo de fazê-lo parar, e esse é substituído pelo desejo de matá-lo. Você consegue de alguma forma desvencilhá-lo da sua carne, e quando ele vem em sua direção, como que sedento, com um pulo você pisa nele com os dois pés.

'Morreu' você pensa. Não consegue ver, está com os pés em cima. Quando os levanta, vê que ele agora é cocô. Merda sólida, e que fica no chão, com seu formato típico - aquele não deformado pelos seus pés.

'Oh' diz você, 'virou cocô'.

Dói, e você vai embora.

02 maio 2010

ô

manhê, tem um bicho comendo meu coração.
faz ele parar, mãe.
senão não vai sobrar nada.

25 abril 2010

you're so nice and you're so smart
you're such a good friend I have to break your heart
I'll tell you that I love you then I'll tear your world apart
just pretend I didn't tear your world apart

I wanted to say 'and I mean it', but it sounds so cruel...
anyway, pretend this is it, will you?

23 abril 2010

Kundera [2]

"Era noite e ela andava com um passo apressado na plataforma da estação. O trem para Amsterdã já estava à espera. Procurava seu vagão."

18 abril 2010

Il Matrimonio

La strada era stata lunga e faticosa come un fiume pieno di rocce, un percorso veramente difficile, ma alla fine tutto è successo come volevano loro (al meno fino qua). I miei genitori, il mio fidanzato, i suoi genitori... tutti hanno fatto il possibile (e alcune volte anche l'impossibile) per questo matrimonio essere perfetto - non ho bisogno di dire che non ho alzato neanche una dita per aiutarli. Però adesso sono qui, davanti alla porta della chiesa, aspettando la mia volta per entrare insieme a mio padre, maestosa come una regina. Poverino, lui è emozionato, perfino le tremano le mani.
L'ora è questa. Comincio a camminare con mio papà. Il prete ci aspetta, e il mio fidanzato è lì, con quel bel sorriso stampato sulla faccia. Arrivo al mio posto, papà mi lascia e va al suo, con mia mamma.
Il prete inizia la sua pedica, la quale ascolto con attenzione; lui è già un signore sessantenne, perciò parla lentamente. Il tempo scivola senza fretta e dopo un po' mi accorgo che mi fanno male i piedi (probabilmente per colpa di questi bruttissimi tacchi a spillo), però rimango nella stessa posizione, per non rovinare il momento.
Il prete si gira per guardarmi, mentre pronuncia la fatidica domanda: "Lei, Monica Lungano, vuole prendere come suo legittimo marito lo qui presente Giorgio Lassaccio, per amarlo, onorarlo e rispettarlo, nella buona e nella cattiva sorte, in salute ed in malattia, finchè morte non li separi?".
Ho aperto un sorriso come un lupo affamato.
"No."

14 abril 2010

Nicholas was...

older than sin, and his beard could grow no whiter. He wanted to die.
The dwarfish natives of the Arctic caverns did not speak his language, but conversed in their own, twittering tongue, conducted incomprehensible rituals, when they were not actually working in the factories.
Once every year they forced him, sobbing and protesting, into Endless Night. During the journey he would stand near every child in the world, leave one of the dwarves' invisible gifts by its bedside. The children slept, frozen into time.
He envied Prometheus and Loki, Sisyphus and Judas. His punishment was harsher.
Ho.
Ho.
Ho.

12 abril 2010

I don't wanna, I don't wanna, I don't wanna, I don't wanna, I don't wanna in vain

I don't wanna wait in vain for your love

'Cause summer is here
I'm still waiting there
Winter is here
And I'm still waiting there

...like always, ha-ha.

22 março 2010


Hands and ends.

16 março 2010

the world has moved on.

has been moving on seria o termo exacto
e eu não quero que pare
aceleremos
corramos
nos distanciemos deste agora que me dá um incômodo na barriga
como se meus órgãos estivessem lutando judô

subamos
no raio de uma estrela subir até sumir.

12 março 2010

she came in through the bathroom window;

08 março 2010

Olhos nos olhos.

Eu conhecia aquele olhar. De tantas catedrais, de tantas igrejas, de tantos museus, ele estava lá. O olhar. No rosto dos santos, dos mártires, das madonnas. Nas estátuas. Sempre em estátuas. Aquele olhar estava nelas. Não em todas, mas em muitas.
Os olhos voltados para o que vem de cima, a expressão vazia, ma non troppo. Não se vê nessas estátuas a inexpressividade, mas a conjunção com o divino, ou o sofrimento pedindo socorro, ou o cansaço terreno no ato de suspirar. A mescla de tantos olhares em uma expressão quase vazia, tão comum às esculturas, às estátuas, à pedra.
Mas desta vez o olhar não vinha da pedra, nem do gesso, nem de algo inanimado. Os olhos exaustos transpassavam o chão-teto do apartamento, olhavam mais para cima, para mais além, mais além. Era aquele olhar vindo de olhos umidecidos de dor e vasos estourados, que sustentava ao redor de si a pele já pendente em rugas, as bolsas inchadas ao redor dos olhos. Respirava com dificuldade.
Era um olhar de estátua numa escultura de carne e osso. E arfava. E sofria.

27 fevereiro 2010

Podia ser fácil escolher.

18 fevereiro 2010

(Não) se afobe, (não)

Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Pedaço de Mim.

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

08 fevereiro 2010

In dictatorship's basements...

'Was there much pain?' it asked tediously. Why should only it make the question, though there were more than a dozen 'its' around him, waiting for the next one to cross the closed door of the chamber and listen to the same torture story? Inside the chamber the yells had stopped some minutes before, which made all of them gather together and wait for it to come out. And it came.
'Did I die?' it put to in response. It seemed awkward and confused with its new foggy body. 'Have I just crossed the door's wood?' it came closer and shrunk as a thunder voice commanded from the chamber 'Bring the next one!'.
'Yes' replied the first one '…and yes' it completed. 'We're something like a… ghost, I dare say. Why had they arrested you?'
'I had sheltered the leader of the socialist guerilla' it shrugged. 'Can we haunt them?'
'No'
'Ah, what a shame'
'They can't see us. And we can't touch things'
'Ah' it seemed disappointed.
'What did they do to you?' asked shyly another one that hadn't spoken yet.
'Oh…' it thought a little. 'I think they used everything on that chamber and also in the chamber number eight'
'Oh, that's bad'
'Indeed'
'Dictatorship sucks' said another one, smaller than the others.
'How old were you, my dear?' asked the newcomer.
'I was twelve years old'
'That young?'
'Yeah, they caught me too because my parents were communists'
They remained silent.
'Look, there's someone coming to be done for' pointed the spokesghost. 'Could one of you guys ask it this time? I'm sick of doing this'
'But you're our spokesman' said another 'or sposkesghost, spokesdead, whatever'
'We could choose other ghost to do it, instead of me' it replied, hopefully.
'Ok, I can do it, for now' said the newcomer.
They went silent again and inside the chamber the screams started once more.

'Wow, this one was fast' commented the little it when the yells stopped.
'Indeed. Newcomer, it'll be coming in a few moments' warned the ex-spokesghost.
A hazy silhouette came through the wooden door. 'Here we go' murmured the new spokesghost and said, loud and clear 'Was there much pain?'

24 janeiro 2010

Atropelávamos nuvens.