31 julho 2010

Ele

era como um animal silvestre, não propriamente acanhado. não parecia seguir quaisquer tipos de comportamento racional - se é que racionalidade é uma característica dos seres humanos, no que diz respeito às ondulações emotivas (o que, há de se convir, é meio desconexo: porque o emocional teria um nome diferente se fosse composto do mesmo princípio da racionalidade?). não parecia estar seguro de si, nem do que queria; era uma grande flutuação, uma garrafa com alguma mensagem cifrada à deriva, impulsionada pelos sabores e dissabores da maré. se por algum momento avançava, impulsionando a imaginação, a esperança e a excitação de que algo por fim se modificasse e se tornasse algo diverso daquele impasse desconfortável, daquela distância estranha (aquela que quer fingir que não existe ou que se reduz, mas na realidade só aumenta... uma verdadeira ilusão de ótica!); se algo por ventura ousasse transpor esse limite que eu não saberia dizer qual é, o retrocesso era garantido, para não dizer brusco e evidente. era o molusco que, ao menor sinal de perigo, se recolhia à proteção. tudo então retornava aos dois conhecidos que se encontravam por acaso em um sábado de manhã, os ois, tudo bens, como vai a vida, o cachorro, a música...
é incrível ainda como se exaspera com essas situações, embora vividas, revividas, tetravividas - parecem sempre novas, como se fosse a primeira vez que o tango se misturasse ao ar.
sensação velha e surpresa ao se deparar com ela.

29 julho 2010

Le mani.

"...[a morte] entretém-se agora a observar o músico, esperando que a expressão da cara lhe revele o que está a faltar, ou talvez as mãos, as mãos são dois livros abertos, não pelas razões, supostas ou autênticas, da quiromancia, com as suas linhas do coração e da vida, da vida, meus senhores, ouviram bem, da vida, mas porque falam quando se abrem ou se fecham, quando acariciam ou golpeiam, quando enxugam uma lágrima ou disfarçam um sorriso, quando se pousam sobre um ombro ou acenam adeus, quando trabalham, quando estão quietas, quando dormem, quando despertam (...)"

(Sara-mago)

15 julho 2010

è solo che...

...mi persi.

mi sono accorta mentre cercavo la licenza A-32 che mi persi. Non so dire da quanto tempo, ma non riesco a trovarmi.
Mi manca un pezzo che non so dov'è, anzi, non so cos'è. Era questa sensazione che mi disturbava e non sapevo cos'era - e ce l'ho da un sacco di tempo (mesi...)

14 julho 2010

olha aqui...

...da próxima vez, Solidão, bata na porta antes de entrar. Não aguento mais esse lance de você se infiltrar como quem não quer nada, como se fosse um gás.
Sua insípida.
By the way, odeio esse seu hábito de me tirar o gosto das coisas. Se tem uma coisa que eu adoro é comer, e me deixar com essa sensação de gosto de cabo de guarda chuva na boca é muito pouco sensível da sua parte.
Antes que eu me esqueça, me devolva a Vontade de Escrever, porque ela anda a fazer falta.
E sim, vai tomar no cu.