23 novembro 2011

BRECHT, Bertold. O escravo de seus fins.

O sr. K. fez as seguintes perguntas:
"Toda manhã meu vizinho ouve música no gramofone. Por que ele ouve música? Porque faz ginástica, eu soube. Por que faz ginástica? Porque precisa ter força, dizem. Para que precisa ter força? Para derrotar seus inimigos na cidade, diz ele. Por que tem que derrotar seus inimigos? Porque quer comer, eu soube".
Depois de saber que seu vizinho ouvia música para fazer ginástica, fazia ginástica para ser forte, queria ser forte para matar seus inimigos, matava seus inimigos para comer, ele fez a sua pergunta: "Por que ele come?".

19 novembro 2011

às vezes

é tão difícil viver. Não por excesso de problemas, não por conspiração do mundo, por nada disso. Parece que a minha força motriz se esgotou, e todas as ações são - não penosas, porque não infligem dor - difíceis. Parece que a inércia não pode jamais ser vencida. E veja, não é preguiça, é falta de motivação, de disposição de sair da rede e viver. Viver nos sentidos mais primários - interagir, comer, banhar-se, rir, chorar, cagar, mover-se.
A vontade é entrar em estado catatônico, porque o sono não vem mais.

E essas vezes têm sido frequentes demais.

06 novembro 2011

É humilhante,

mas a verdade é que é necessário desconfiar do homem, é preciso temê-lo e até mesmo... odiá-lo. O homem está dividido. Seria bom amar, apenas, mas como consegui-lo? Como perdoar àquele que se precipita sobre nós como um animal selvagem, que não reconhecce em nós uma alma viva e que massacra com socos a nossa cara de homens? É impossível perdoar.

Gorki, Máximo. A Mãe.