27 dezembro 2014

YEATS, W. B. Deirdre

Deirdre: Were it not most strange
That women should put evil in men's hearts
And lack it in themselves? And yet I think
That being half good I might change round again
Were we aboard our ship and on the sea.

03 novembro 2014

se mi rilasso,

collasso

mi manca l'aria e l'allegria
perciò

18 setembro 2014

Ali ment ando
a dor (mecida)
a doses hom(e)o páticas.

10 julho 2014

CDA, Os ombros suportam o mundo.

Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

18 junho 2014

Carneiro, G. a filosofia acidental

não há free-lunch, free-lance, verso livre.
livre no mundo nem o universo
provável self-delivery de algum deus perverso
que nos criou por pura subversão
depois foi passar o final do verão
nalgum balneário sobtropicaos
muito além daqui, do Taiti, do Paradis.
a tal liberdade é uma ficção
talvez criada por Benjamin Franklin,
que francamente não merece crédito
com suas roupas protoperformáticas.
o jeito é assumir as consonâncias
 a física quântica, o sexo tântrico
(eu gostei tantro, tantro quando me contaram)
redescobrir que Deus não joga dados
ou descobrir que num lance de dedos
mistura-se os futuros e os passados

15 junho 2014

DE SILVA, Diego. Sono contrario alle emozioni

Da un po', passeggiare per il lungomare della mia città (quello dove la domenica mattina presto corrono gli illusi) costeggiando la quasi totalità delle sue palme mozzate, sottoposte ad amputazioni d'urgenza nell'esttremo tentativo di salvare il residuo di vita che ancora le sostiene prima che il parassita che le divora dall'interno completi la strage, è diventata una pratica malinconica. Un po' come attraversare un ospedale da campo in una zona di guerra.
Quando la recisione di un altro albero malato apre una nuova finestra sul mare, quest'ulteriore spalancamento visuale (che è, al tempo stesso, pienezza e dispersione dello sguardo) produce tristezza in luogo di piacere. Vorresti non vederlo, quel mare in piú. Quella dilatazione dell'orizzonte. Quello spazio improvvisamente libero, che nella sua sconfinata bellezza costituisce la prova sensibile di una morte in corso. Di una scomparsa che procede per sottrazioni progressive, nella consapevolezza dell'irreversibilità di quel disgraziato processo.
Allora, com'è inevitabile che vada, pensi alle tue mancanze. Alle amputazioni che hai dovuto eseguire e subire. A come si sta modificando il tuo personale paesaggio. E ti si restringe, si svilisce il senso della prosecuzione delle cose e della libertà, quasi non la volessi, non sapessi cosa fartene.
Così ti fermi a guardare, anche se da guardare non c'è proprio niente, e qualche volta capita che il corridore tardivo che ti ha superato un momento prima rallenti gradualmente fino a fermarsi e finga di riprendere fiato. Quello che proprio vorrebbe è chiederti cosa ti ha preso, perché stai fissando quel pezzo di mare, ma non lo fa perché non ti conosce e se pure ti conoscesse non lo farebbe, però si trattiene lí a corricchiare sul posto nella speranza di scoprirlo, solo che a un tratto, non saprebbe assolutamente dire perché, sente arrivare un magone tremendo, di quelli che preoccupano, quasi quasi direbbe che sei tu che glielo stai passando, allora si dà una spinta e riprende a correre, tecnicamente scappa.

06 maio 2014

Insone II

uma da manhã
ouves a ausência dos ônibus
dos carros
das rodas
não tem gente no buteco
sobra só um cutucar de papelão lá embaixo
ninguém fala
pode ser um cachorro
um gato, um trem qualquer

o silêncio da rua amplifica inunda ensurdece
o vidro quebrado da janela não dissipa o calor do quarto
realça tão só o arrepio

o relógio na cozinha estoca

a cama morna
o vazio imóvel

tudo acabado o baile encerrado atordoado
e o sono..
que sono?

05 maio 2014

Insone

Então pensa nela, desgraçada!
vai, pensa!
em cada sarda no brilho do sol nas íris no cabelo cabelo em cascata
vai, pensa!
chafurda nessa merda
se refestela na ausência
no pretérito mais que forçado

vai, esfrega sal na ferida
você já não consegue dormir de qualquer jeito
e insiste em enxergá-la em cada uma que passa
para seu dia esfrangalhar por nanossegundos

admita: tudo que você quer é vê-la tê-la
(sim)
seja ao menos uma abstinente responsável
e não se jogue de volta à primeira casa do tabuleiro

é longo duro odioso
mas se não o quê?
sê-la à sua imagem e semelhança?
me poupe
nos poupe
mas acima de tudo se poupe.

03 abril 2014

Por maior que seja o mal-estar pelo passar do tempo e pela transitoriedade das coisas, o som do tique-taquear de um relógio me acalma.

14 março 2014

Leminski, P.

Amor, então,
também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

11 março 2014

Lame is the word.
Put yourself together, woman.

15 fevereiro 2014

A sentado

Era como a maré alta. As ondulações iam e vinham, o resultado era uma gradual mas constante expansão. Não que ele fosse um entendido de mares, longe disso, seu elemento era o solo, pisava só em terra firme.
Ou era como o aquecimento global, a engolir as pequenas ilhas, refletiu. O sol nascia, mas ainda sem ultrapassar o emaranhado dos galhos dos eucaliptos. Jorge arrastou a leiteira vazia e acomodou-a na garupa da moto. O dia começava, mas a luta não findava, assim como o leite se repunha manhã a manhã. E lá ia ele, todo santo dia. A resistir. A garantir a vida, naquele cerco de deserto verde, cada dia mais próximo.