11 junho 2015

O estranho dia em que os motoristas de ônibus se tornaram cegos aos passageiros.

Sem sinal de parada – apertado por sei lá que criatura – passavam reto pelos pontos. Três, quatro braços estendidos se indignavam à sua passagem imperturbada. Não estavam lotados.
Foi-se um. Dois velhinhos resmungaram.
E foi-se outro. Três estudantes bufaram.
No terceiro, que parou para a descida de alguém, não atendeu nem mesmo às batidinhas no vidro. A trabalhadora esbravejou.

 

Os barulhos deveriam ser daquele troço que bate no vidro lá de trás, pensou. E seguiu viagem.