13 agosto 2015

Buzzati, Dino. Poema a fumetti.

Ve lo ricordate, amici?
Vocês se recordam, amigos?
Supremo bene,
O bem supremo.
non allegro, mai.
não alegre, jamais.
Perché sarebbe zero
Porque seria nulo 
se mancasse nel profondo quel pensiero
se faltasse no fundo aquele pensamento
che un giorno tutto finirà.
de que um dia tudo acabará.
Sì pure nel vizio più tortuoso,
Sim, mesmo no vício mais tortuoso
per la propagazione della specie
para a propagação da espécie
la natura urgeva, ricordando
a natureza urgia, recordando
il comune destino.
o destino comum.
La carne è il paradiso
A carne é o paraíso
solo perché ciascuno lasci
só para que cada um deixe 
un altro dietro a sé,
um outro atrás de si,
e così al termine
e assim, ao término
della divina congiunzione
da divina conjunção,
l’uomo si vedeva intorno
o homem via ao seu redor
la palude sterminata nel crepuscolo
o pântano ilimitado no crepúsculo
sotto la pioggia, e non anima viva
sob a chuva, e nenhuma viva alma
se non due lebbrosi laggiù in fondo.
a não ser dois leprosos lá embaixo, ao fundo.
E suonavano le maledette campane.
E soavam os malditos sinos.


10 agosto 2015

HILST, H. Cantares do sem nome e de partidas


VII


Rios de rumor: meu peito te dizendo adeus.
Aldeia é o que sou. Aldeã de conceitos
Porque me fiz tanto de ressentimentos
Que o melhor é partir. E te mandar escritos.
Rios de rumor no peito: que te viram subir
A colina de alfafas, sem éguas e sem cabras
Mas com a mulher, aquela,
Que sempre diante dela me soube tão pequena.
Sabenças? Esqueci­-as. Livros? Perdi­-os.
Perdi­-me tanto em ti
Que quando estou contigo não sou vista
E quando estás comigo veem aquela.