22 março 2010


Hands and ends.

16 março 2010

the world has moved on.

has been moving on seria o termo exacto
e eu não quero que pare
aceleremos
corramos
nos distanciemos deste agora que me dá um incômodo na barriga
como se meus órgãos estivessem lutando judô

subamos
no raio de uma estrela subir até sumir.

12 março 2010

she came in through the bathroom window;

08 março 2010

Olhos nos olhos.

Eu conhecia aquele olhar. De tantas catedrais, de tantas igrejas, de tantos museus, ele estava lá. O olhar. No rosto dos santos, dos mártires, das madonnas. Nas estátuas. Sempre em estátuas. Aquele olhar estava nelas. Não em todas, mas em muitas.
Os olhos voltados para o que vem de cima, a expressão vazia, ma non troppo. Não se vê nessas estátuas a inexpressividade, mas a conjunção com o divino, ou o sofrimento pedindo socorro, ou o cansaço terreno no ato de suspirar. A mescla de tantos olhares em uma expressão quase vazia, tão comum às esculturas, às estátuas, à pedra.
Mas desta vez o olhar não vinha da pedra, nem do gesso, nem de algo inanimado. Os olhos exaustos transpassavam o chão-teto do apartamento, olhavam mais para cima, para mais além, mais além. Era aquele olhar vindo de olhos umidecidos de dor e vasos estourados, que sustentava ao redor de si a pele já pendente em rugas, as bolsas inchadas ao redor dos olhos. Respirava com dificuldade.
Era um olhar de estátua numa escultura de carne e osso. E arfava. E sofria.