29 dezembro 2008

The Chronicles of Narnia (The Magician's Nephew)

__"Now, sir" said the Bulldog in his business-like way, "are you an animal, vegetable, or mineral?" That was what it really said; but all Uncle Andrew heard was "Gr-r-r-arrh-ow!"

- C. S. Lewis

25 dezembro 2008

The Graveyard Book

__The man Jack met them halfway down the stairs. Mr. Dandy grinned at him, without any humor but with perfect teeth. "Hello, Jack Frost," he said. "I thought you had the boy."
__"I did," said the man Jack. "He got away."
__"Again?" Jack Dandy's smile grew wider and chillier and even more perfect. "Once is a mistake, Jack. Twice is a disaster."
__"We'll get him," said the man Jack. "This ends tonight."
__"It had better," said Mr. Dandy.
__"He'll be in the graveyard," said the man Jack. The three men hurried down the stairs.
__The man Jack sniffed the air. He had the scent of the boy in his nostrils, a prickle at the nape of his neck. He felt like all this had happened years before. He paused, pulled on his long black coat, which had hung in the front hall, incongruous beside Mr. Frost's tweed jacket and fawn mackintosh.

- Neil Gaiman, The Graveyard Book

22 dezembro 2008

Shrimps..?

I wonder why isn't an insult to say that someone has a head of shrimp; 'cause... y'know, have the skull filled with shit isn't a pleasant thing to hear, at all.

15 dezembro 2008

Invention II in C minor - Johann S. Bach.


Eram dois. Ora era ela ronronando ao pestanejar das asas e ele cobiçando-a ao vê-la do chão - a boca longe, pregada no céu, num riso zombeteiro.
Eram dois. Ora ele pousando em seu úmido focinho, e ela fechando os olhos.
Era ela na terra e ele no ar.
Era ela no ar e ele na terra.
Eram os dois na terra. Um sobre a planta, outro no parapeito da janela.
Eram os dois no ar. Um em pleno salto, outro no bafejar da brisa.
Eram sempre dois, nunca um. Ininterruptos, interligados, independentes, inconfundíveis.
Eram os dois invenções;
eram o muxoxo morno e o murmúrio melífluo.
Mas no derradeiro fim, unidos. ternamente.

13 dezembro 2008

Relances - II

__Era dia; um qualquer, com sol, com nuvens, vidas e todas aquelas coisas que se têm em um dia. O clima era diáfano, de luz irradiante, e o tempo seguia, com inadiáveis afazeres cotidianos. Neste dia, neste momento, havia a rapariga dentro de uma casa - que, diga-se de passagem, não era sua. Seu nome, segundo constavam os arquivos, era Malicia Darktan. Loura, magrinha, 'desaparecida' desde o seus seqüestradores foram assassinados, com... adivinha?
__Irène sorriu. Era uma filhote peculiar.

__Malicia estava na sala, entretida com um quadro surrealista de gatos quando ouviu sirenes se aproximando. Ela se mudara há pouco tempo para aquela casa, e não fizera nada de errado! Tudo havia saído exatamente como das outras vezes, e entretanto eles estavam ali. Seus poros da pele arrepiaram, seu desespero a(s)cendeu. A sirene espetava sua audição e absorvia seu cérebro num oceano de insensatez.
__Os fundos; pensou. E rumou.

__As sirenes chegavam à casa. 'Oh geez...we brought company?..' Irène praguejou e olhou de esguelha para o companheiro, indicando o jardim da rua com a cabeça. Ele assentiu e rumou para os policiais com a foice reluzindo ao sol; a jovem se dirigiu para dentro.

__'Hey'; uma figura entrava pela porta dos fundos. Malicia recuou, com o coração pulsando mais na boca do que entre os pulmões. 'Hey heey, take it easy folk, come closer, I've to take you out of here' dizia a silhueta, entrando com uma pressa mal dissimulada. Darktan retrocedeu, vendo uma jovem mulher trajando um longo poncho verde, adornado por uma cascata de cabelos castanhos. Uma das mãos estava estendida na sua direção, mas a outra mantinha-se convictamente imersa na lã.
__Ouviram gritos.

__Louis deu a volta na casa, saindo pela lateral. Os policiais o viram de imediato e logo começou o alvoroço, ele suspirou. Quatro bolas de fogo se materializaram à sua volta, e em seguida começaram os gritos.

__Malicia assustou-se com o ruído do lado de fora. Sem dar ouvidos à apressada forasteira, ela subiu as escadas correndo. No corredor dos quartos, sentiu uma mão segurar-lhe o ombro com firmeza e gritou de susto. 'Come with me, ok? We've no time' Darktan parou, emudeceu e ficou olhando a moça, que interpretou como um tênue (as)sentimento. Ela soltou então seu ombro, afastou-se alguns passos com extrema rapidez e puxou de dentro do poncho um pedaço generoso de papel alumínio. Malicia entreviu uma mão deformada segurando o rolo laminado.
__Parecia uma... garra?

__Três policiais correram, em pânico. Outros falavam no comunicador. O resto apontava para ele e o cercava, com cautela. Pena que ele não podia fazer churrasquinho.

__Esticou o rasgo espelhado e com um movimento desajeitado e brusco, deu uma (patada?) no papel. Darktan olhou com um ar nauseado: era como uma grande pata de lobo...

__Aproximava-se um helicóptero, e Louis discerniu outro escalão de gente encarrapitado nele.
__'Oh, shit'.

__Aquele pedaço de papel alumínio começou a irradiar algo semelhante a um flash prolongado. Irène afastou o braço da fonte de luz e fitou a filhote; que não se mexeu. Tinha um helicóptero lá fora.

__Louis desandou em desabalada corrida para os fundos da casa. Uma bala errante acertou-lhe na altura dos rins, rendendo-lhe um rosnado nada amigável.

__A moça ouviu o tiro e exasperou-se. Apanhou o pulso da filhote e arrastou-a para a luz, para a Umbra.

__Louis parou derrapando na frente da janela dos fundos, enquanto sentia a pele se reintegrar. Ergueu a mão e arranhou a superfície vítrea com violência. Sem hesitar, pulou para dentro do centro de ofuscação.

__Mal haviam observado o ambiente distorcido, Malicia começou a sentir uma sensação adormecer-lhe a consciência. Como se dos pulmões subisse uma ardência avassaladora, ou como se um lobo subisse-lhe pela garganta.
__Irène sentiu o pulso da filhote engrossar sobre sua mão, e um grunhido gutural bafejar-lhe a nuca. Foi aí que correu.

__Louis pulou de qualquer jeito para dentro do rasgo e viu, à poucos passos de distância, uma loura garota encurvar-se sobre a própria altura, e crescer. Crescer. Crescer. Um poncho balouçante já sumia ao longe, no ar distorcido. Ele correu, para longe.

08 dezembro 2008

Can She Excuse My Wrongs (by John Dowland)

'Can she excuse my wrongs with virtues cloak?'
Eu mirava sua face transmutar-se no teto envolto em breu, seus olhos confiantes fitavam o público, sua voz transbordava em meus ouvidos.
'Shall I call her good when she proves unkind?'
O primeiro verso ainda ecoava nas curvas do meu labirinto, meu cérebro ainda ruminava a pergunta: can she excuse my wrongs? Estendi minha mão para fora da cama e peguei o celular. O rosto dela desaparecera nas vilosidades do lençol, assim que a luz do aparelho acionado retraiu minha pupila dolorosamente.
'Are those clear fires which vanish into smoke?'
Sem novas mensagens. Probably she can not excuse my wrongs, after all. She had vanished into smoke... Larguei o telefone no chão e virei-me para o outro lado.
'Must I praise the leaves where no fruit I find?'
Ao ouvir este excerto meus músculos enrijeceram, como se ela os dissesse com aquele ar cínico estampado no rosto e a voz fluindo como m/fel. ('No, no, where shadows do for bodies stand, thou may'st be abus'd if thy sight be dim?') Tateei o rádio em busca do botão de stop, mas a voz dela ainda inundava o meu breu, meu escuro, minha consciência.
'Cold love is like two words written on sand, or two bubbles which on the water swim'
Ela não parava, não me deixava contrargumentá-la, não me dava tempo suficiente para tomar ar entre aquelas pausas... Ah, o stop. O silêncio escorreu das caixas de som.
E eu, que deveria estar mais calmo, repetia em minha cabeça o primeiro verso, o primeiro trecho, tão renascentista, mas tão infinitamente perturbador, para mim.
She won't excuse my wrongs, my cold love, my "fruitlessness"... well, me. Cutuquei os botões do rádio e, com uma série já bem coordenada de movimentos, liguei a rádio e ouvi Raul Seixas se esgoelando em um 'não há nada neste mundo que eu não saiba demais'. Sorri, me acomodei e inexplicavelmente dormi.