28 março 2012

CineMinuto 3

Pequeno mercado no começo da noite. Está apinhado de gente, todos conversam em voz baixa. As prateleiras brancas cheias de produtos coloridos em uma língua ininteligível. O ambiente é claro, ligeiramente ofuscante.
P1 está com uma cestinha de compras e desloca-se para a fila. Está cautelosa, tenta não esbarrar em ninguém nem nas prateleiras abarrotadas. Na sua frente está um velhinho, P2, que carrega uns maços de hortaliças.

Ruídos do ambiente.

P2 se vira para P1. Agita um maço de nira em sua direção.

P2: Nira... nao bon, ne!
P1 (tenta ser simpática): Ah, não? Mas ele está tão bonito..!
P2: Nao compra nira!
P1: Mas por quê?

Pausa. P2 aproxima o maço do nariz, inspira e agita o nira de novo.

P2 franze o cenho: ...
...Química, ne!

P1 demonstra compreendê-lo.

Segurança, P3: Senhor, o caixa 5 está livre.
P2 vira-se para encará-lo: ...Hai!

e se afasta.

26 março 2012

O céu

abril-se
antes de mar-çe acabar

25 março 2012

é inebriante
feito cheiro da primeira chuva na saída do inverno
ou trago sedento de chá gelado no calor interiorano
ou feito ainda silêncio que segue o rastro do último ônibus
- ah... mal sabe o que é bom, essa aí. Não me diz nem coisa com coisa

é a comunhão com este espaço-tempo
a sensação de pertencimento
que me re-põe-tira a calma
e me desnorteia
- como se alguma vez sensações tivessem sido claras, né...
e vê se para de piegagem, mulher, que isso assusta os outros.

12 março 2012

Com a sensação de que algum acontecimento desagradável me espreita. Sinto seu hálito, percebo suas vibrações no ar, vislumbro-o de relance (mas não é o suficiente para conseguir me prontificar ao inevitável bote).

11 março 2012

ASSUMPÇÃO, Itamar

Quando estou longe
Quero ficar perto
Quando estou perto
Quero ficar dentro
Quando estou dentro
Quero ficar mudo
Quando estou mudo
Quero dizer tudo