Desencontramos vistas.
Muito temos nos olhado.
Te vejo, me vês,
mas não te encaro
(para uma comunidade fixada em
olhares sinuosos e eloquentes
é como perder a língua,
o tato).
Não sinto daqui o
frêmito mal contido sob tua pupila
que dilata e me engole,
como se fosses Gulliver e eu, uma lilipute
(mas basta dessas metáforas colonialistas
- a ti vou me dando,
enquanto me cedes tu).
Sinto os estremecimentos da conexão
tua voz em formato .midi,
e erráticas oscilações da rede.
Sinto a falta, o vazio
a ausência embaixo do cobertor
— Mas sou assaltada, inesperadamente
pela textura da tua pele
a tridimensionalidade da tua figura
que pula de um pedaço de tela
(ou de papel)
Me queimas a roupa,
sobra o desejo
chamuscado de lembrança.
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