Soa egocêntrico, é egocêntrico - afinal, hipocrisias à parte, quem não é?
É curiosa essa sensação de migrante; e convenhamos, não é como se eu fosse o estereótipo, de mala e cuia para um mundo novo. Meu "mundo novo" se localiza a cem quilômetros de distância do "mundo velho" (se muito), e as interpenetrações desses mundos são muitas e frequentemente contínuas. Mesmo assim, surge esse negocinho estranho - essa aura de não-pertencimento a nenhum dos mundos, de deslocamento tanto aqui quanto ali. É um mal-estar de existir e de ter uma parte da sua história sem relação com o lugar onde se encontra - semelhante a ter um pedaço de si que não pertence àquele ambiente.
Refinando um pouco mais essa 'síndrome do migrante' é muito parecida - se não igual - àquele ranço de ver o tempo passando, de ver as coisas mudando: árvores de infância derrubadas, prédios no lugar de outros prédios, ruas que mudam de mão, pessoas que transformam em algo que você deixa de entender. É a síndrome de quero-que-o-mundo-fique-como-está, e que nada, nem ninguém, mude. É a dicotomia - pensando em um texto que li hoje - "[de se incomodar] com a intransigência da não repetição e com a intransigência da expectativa de repetição."
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