__Seu estômago revirava-se, sua garganta ardia. Mesmo assim, aproximou o bocal e sorveu o líquido. Em seguida, arrotou. Suas pernas estavam trôpegas, e ele resolveu não tentar se levantar. Já não havia ninguém na rua, nem mesmo os costumeiros sem-teto. Ray suspirou e olhou para cima. O céu parecia veludo negro, não havia nenhuma estrela à vista; nem mesmo a lua sorria. Fechou os olhos e apoiou a cabeça na porta, que gemeu mais um pouco.
__Alguém que passasse por ali veria um jovem na faixa dos dezenove anos, vestindo jeans surrados, tênis imundos, com cabelos desgrenhados confundindo-se com a camiseta preta. Em sua mão jazia uma garrafa quase vazia.
__“Hello, Ray.”
__Ele abriu os olhos. Sua visão estava embaçada, então pestanejou algumas vezes, concentrando-se em discernir quem lhe falara. Defronte de si não havia ninguém, nem dos seus lados. Pela rua vinha vindo um pequeno vulto, andando sem pressa. Ray franziu a testa. It was a cat.
__ Ele bufou enquanto passava a mão pela testa, afastando os cabelos acortinados do hematoma que se alastrara pela maçã do seu rosto.
__“Are you trying to avoid me? What a silly boy…” The voice was closer, although nobody was there. E por que raios alguém estaria falando inglês, em plena Francisco Glicério, de madrugada?
__Ray tentou levantar-se, apoiando na indignada porta comercial. Ela guinchou. Seu cérebro registrou uma considerável mudança na viscosidade do chão, traiçoeiramente balouçante.
(...)
Um comentário:
Lady of this tale, can't you tell me more?
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