'Good morning, good morning, Dear!'
Sarah abriu os olhos. Um metrônomo tiquetaqueava abafado, em um ambiente outro.
Em dilúvio, est(r)alou as mãos, pescoço maxilar pulsos cotovelos vértebras virilha joelho, tornozelo e finalmente os dedos do pé. Suspirou de alívio, sorrindo para o teto sóbrio.
Soergueu-se da cama. O lençol escorregou pela pele lisa, oculta sob o véu do breu.
Pantufas, pantufas... pantufas? Ah, sim, aqui estão as pantufas. Agora, a camiseta.
Vestindo uma enorme camiseta e um par de pantufas felpudas, Sarah apanhou seu bloco de desenho, um lápis e saiu para o corredor. Tec tec tec tec.
Nuvens prateadas voejavam a sua volta, como lontras dentro d'água. O Anfitriã encarava-o empoleirado num pico à distância, com a bengala fazendo um elegante ângulo agudo com seus pés.
As nuvens se dissipavam, retornando a um cenário escuro. Um leve risquejar sub-traíra o silêncio. O moço entreabriu as pestanas secas e uma silhueta borrada se destacou do ambiente escuro, debruçada sobre o colo.
A um resmungo seu, o vulto assustou-se e sumiu feito animal silvestre.
O pobre moço, envolto em bandagens, virou para o outro lado e dormiu.
E sonhou com as sebes altas e sussurrantes, regadas a singelas melodias de um cravo bem temperado.
A Anfitrião saía do quarto amarrando seu roupão para buscar um uísque quando Sarah passou apressada com seu tão familiar bloco de desenho na mão. Era cedo para a Pequena empipocar por aí. El' assistiu-a um pouco até ouvir um bip prolongado vindo do escritório.
Arrancou o longo papel de poucos caracteres da boca do fax, sorvendo o conteúdo - líquido e gráfico - com um ar grave. Logo após de passar os olhos pelo vômito maquinal, abriu uma gaveta e queimou-o com um isqueiro de prata.
(desculpem-me a demora)
Um comentário:
http://amortescimento.blogspot.com/2008/04/um-conto-de-duas-pessoas-xi.html
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