10 dezembro 2016

año de la niña

cariñita,
finalmente o calor chegou
um pouco tímido umas semanas atrás
mas agora com força total

o eterno presente se arrasta
um monstrengo que irradia calor das banhas que brotam aos borbotões conforme caminha
homeopáticos um passo por dia.

há mini baratas subindo pelas paredes do ônibus
sáunico
em pleno sábado, 23h
tentamos passar desapercebidas uma a outra

quantas baratinhas teriam caminhado pelo banco
que sento nessa minissaia desconfortável?

pela janela
um segurança de bar avista
uma guria miúda no ônibus
brilhante de suor e lágrimas

ternura? pena? desdém?
zombeteiro ou não
há desconhecidos que veem muito além
do que creem ser possível os melhores
os inseparáveis
concentradíssimos nos próprios umbigos besuntados de suor
defumados por um cachimbo qualquer.

cariñita, esse presente balofo
sentou em cima e amassou meus passados recentes
me comprime contra essa parede
chacoalhante do ônibus
por onde sobe uma baratinha
(ela ainda finge que não me vê).

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