29 agosto 2011

Paulo

és maltrapilho
insanto estuprado
cujo altar jaz entre lixos e fedores;
foste esquecido pelos religiosos
agora veneradores de outros santos
e que correm atrás da vida impecável
(ainda que pestilenta e oca);
és venerado tão somente pelos in-sãos, abandonados pelas sarjetas
aos seus cuidados de enfermo.

És santo moderno
martirizado pelo câncer de suas células indiferentes
(não revoltosas, não subversivas - não lhes falte com respeito)
que lhe cruzam o corpo purulento em agoniante pressa,
buscando
coletando a mais nova deidade
para adicionar ao seu catálogo indivirtual.

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