23 julho 2009

Obnubilados.

__Meus olhos doem. Não sei se é porque tento enxergar o que está além de mim, ou se porque ele não quer ver o que nos traz a maré. Talvez seja pelas minhas tentativas de enxergar o que não posso (ou não deveria) ver com os olhos.
__Meus olhos doem. Confesso que, na verdade, é um só que dói. Dói daquele jeito cansado, latejante, tão insistente quanto um cachorro com fome. O que dói é o lado direito, o meu lado mais descontrolado, mais irracional. Ele dói como se algo o empurrasse para fora; como se minha cabeça estivesse inchando de um lado só.
__Pronto, agora meus dois olhos doem. O outro se uniu solidariamente, dando um tímido apoio. Minha cabeça também dói agora. A parte de trás.
__É tudo uma dor de espera, de cansaço, de entorpecimento. A dor se infiltra nos órgãos e desce como um doce véu; ela avança, puxada pela gravidade. Chega ao estômago, o corrói por completo e faz o que deveria ser o coração inchar. De dor, de aflição e de impotência. Ele incha e comprime seus vizinhos, e empurra a dor para baixo.
Meus olhos não param de doer.

Um comentário:

Unknown disse...

a dor é inevitável o sofrimento opcional , miss ya x)