08 fevereiro 2009

boca chiusa.

__Uma música soava, a escorrer notas beliscadas de um violão virtual. A sensação, no entanto, era diversa. Era como se ela fosse um órgão (daqueles de centenas de tubos gélidos como seus pés e mãos) e em seu interior estivesse algo esticado, afinado e a ser beliscado por aqueles dedos - (que ela não se lembrava mais como pareciam quando os sentira) confundidos com o ambiente sem luz - e que toda aquela ressonância era pedalada pela tomada e despejava-se pelas efêmeras caixas de som.
__De como as vibrações iam parar naqueles buraquinhos palpitantes, era o mesmo mistério de sua infância, quando ela encarava aqueles imponentes canos de metal nas paredes sacrílegas e se punha a procurar as teclas, o banquinho, os pedais... sempre fora um esforço vão. E dentro dela ele continuava a dedilhá-la como se ela fosse um violão, e em sua cabeça ecoava seu murmúrio morno.

O que será que me dá, que me bole por dentro, será que me dá...

Um comentário:

Aline Fraenkel disse...

Leeee *-*
saudaaades de vc, cara !
ah, fui eu que escrevi sim ^^
quando vc volta, menine ?!

:*