24 setembro 2010

Vi.

Eram olhos felinos
____________ferinos
____________vendidos
__vermelhos, fodidos na floresta de olhos
_________________na infinidade de espólios humanos

se esvaía na quina
______na esquina
__________da via
____________vazia
__________de espaços e silêncios

vociferava pela calçada
___extremista e irada
________a turba de
____________gentes
________fremia
____________virava, insana manada
pelo olho da rua

fugaz foi a vista
______dos olhos
do par intimista
___que vi na virada
_________na curva
____________da quadra.

13 setembro 2010

do not forget

  • Lemonade √
  • aparelho √
  • riempire lo zaino √
  • celular √
  • ânimo
  • remédios √
  • anima
  • me.

11 agosto 2010

Santos

Vejo na linha do horizonte luzes de uma cidade. Luzes que dividem a água do ar, o preto do preto - parecem estrelas que, ao invés de estarem dispersas pelo céu, resolveram congregar-se em uma linha horizontal.
Lá longe há uma cidade. Uma cidade de containers, de ratos, de cascos com cracas, de sujeira. Talvez um punhado de humanos. Uma cidade de luzes, mergulhada no (m)ar salobro, tênue na cisão entre fluidos salgados.
No escuro, ela até parece frágil. Na claridade latejante e nublada, parece um tributo. Sabe-se lá ao quê.

31 julho 2010

Ele

era como um animal silvestre, não propriamente acanhado. não parecia seguir quaisquer tipos de comportamento racional - se é que racionalidade é uma característica dos seres humanos, no que diz respeito às ondulações emotivas (o que, há de se convir, é meio desconexo: porque o emocional teria um nome diferente se fosse composto do mesmo princípio da racionalidade?). não parecia estar seguro de si, nem do que queria; era uma grande flutuação, uma garrafa com alguma mensagem cifrada à deriva, impulsionada pelos sabores e dissabores da maré. se por algum momento avançava, impulsionando a imaginação, a esperança e a excitação de que algo por fim se modificasse e se tornasse algo diverso daquele impasse desconfortável, daquela distância estranha (aquela que quer fingir que não existe ou que se reduz, mas na realidade só aumenta... uma verdadeira ilusão de ótica!); se algo por ventura ousasse transpor esse limite que eu não saberia dizer qual é, o retrocesso era garantido, para não dizer brusco e evidente. era o molusco que, ao menor sinal de perigo, se recolhia à proteção. tudo então retornava aos dois conhecidos que se encontravam por acaso em um sábado de manhã, os ois, tudo bens, como vai a vida, o cachorro, a música...
é incrível ainda como se exaspera com essas situações, embora vividas, revividas, tetravividas - parecem sempre novas, como se fosse a primeira vez que o tango se misturasse ao ar.
sensação velha e surpresa ao se deparar com ela.

29 julho 2010

Le mani.

"...[a morte] entretém-se agora a observar o músico, esperando que a expressão da cara lhe revele o que está a faltar, ou talvez as mãos, as mãos são dois livros abertos, não pelas razões, supostas ou autênticas, da quiromancia, com as suas linhas do coração e da vida, da vida, meus senhores, ouviram bem, da vida, mas porque falam quando se abrem ou se fecham, quando acariciam ou golpeiam, quando enxugam uma lágrima ou disfarçam um sorriso, quando se pousam sobre um ombro ou acenam adeus, quando trabalham, quando estão quietas, quando dormem, quando despertam (...)"

(Sara-mago)

15 julho 2010

è solo che...

...mi persi.

mi sono accorta mentre cercavo la licenza A-32 che mi persi. Non so dire da quanto tempo, ma non riesco a trovarmi.
Mi manca un pezzo che non so dov'è, anzi, non so cos'è. Era questa sensazione che mi disturbava e non sapevo cos'era - e ce l'ho da un sacco di tempo (mesi...)

14 julho 2010

olha aqui...

...da próxima vez, Solidão, bata na porta antes de entrar. Não aguento mais esse lance de você se infiltrar como quem não quer nada, como se fosse um gás.
Sua insípida.
By the way, odeio esse seu hábito de me tirar o gosto das coisas. Se tem uma coisa que eu adoro é comer, e me deixar com essa sensação de gosto de cabo de guarda chuva na boca é muito pouco sensível da sua parte.
Antes que eu me esqueça, me devolva a Vontade de Escrever, porque ela anda a fazer falta.
E sim, vai tomar no cu.

23 junho 2010

GdP

ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio. pinocchio. ginocchio... pinocchio?
Ginocchio di Pinocchio.

16 junho 2010

que é isso maquinista?!

passa boi
passa boiada
passa tudo
fica nada
fico eu
ali atrás,
bem no fundo,
um'incapaz.

30 maio 2010

L'agopunturista.

Ciao Giorgio,
come stai? È già da un paio di mesi che non ti scrivo niente, scusa. So che tu sei occupato (non smetti di lavorare neanche dormendo, vero?), ma ho bisogno di dire qualcosa a qualcuno e, mi dispiace, tu sarai il 'qualcuno'.
Prima di tutto, devo raccontarti che ho iniziato un lavoro, circa di due mesi fa, per perfezionare il mio corso di terapie alternative (il cui penso che sia un poco troppo semplice). Va be', di qualsiasi maniera, un professore mi ha indicato questo agopunturista, dicendo che sarebbe probabilmente il più bravo della città. Ho cominciato a lavorare con lui, e tutto che potevo dire di quel periodo era che lui era molto simpatico e buono con me. Mi sono messa a lavorare nella reception della clinica, a cambiare la protezione della barella e gli aghi tra le sedute, ed anche a toglierli dai pazienti. Alcune volte al giorno, lui mi faceva accompagnarlo per guardare l'introduzione degli aghi. Era tutto bello in quell'epoca.
Dopo alcune settimane (tre, forse), mi sono accorta che qualcosa non andava tanto bene come immaginavo. Le pazienti – sì, solamente le donne – arrivavano un po'... come se dice? Ghiotte, forse. Ecco, loro arrivavano ghiotte, oppure come se fossero in una crisi di astinenza. Erano tutte arrabiate ed impazienti, e volevano cominciare subito le sedute. Gli uomini, però, stavano normali, seduti e zitti tra le donne infuriate. E peggio, dopo la seduta le donne uscivano con una faccia da aver trovato il paradiso in terra, allora ho cominciato a sospettare di qualcosa. Nelle sedute che andavo insieme al dottore, ho guardato con attenzione tutti i punti che lui prendeva – negli uomini e nelle donne. E Giorgio, tu conosci la mia memoria, non mi scordo di niente. Ho fatto dei mappi, con i punti utilizzati, per alcune settimane. Dopo mi sono andata alla biblioteca dell'università, ed ho cercato tutti i punti comuni. Giorgio! Ho trovato che uno di quelli (che era usato solo nelle donne) non esisteva da nessuna parte, in nessun libro! Allora, cosa devo fare? Certamente è questo punto che fa impazzire le donne.
Ho deciso di cercare ancora nei libri della biblioteca personale del dottore (lui mi ha detto quando ho cominciato a lavorare con lui che potevo fare uso illimitato). Ma, Giorgio, e adesso..?
Devo andare al lavoro, allora mi congedo.
Aspetto la tua risposta.
Anna.

16 maio 2010

Silence-ing.

Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

11 maio 2010

Um gato.

Você está em uma casa vazia e passa por um gato. Que gracinha. Abaixa-se para acariciá-lo e ele parece enlouquecer. Endemoniado, ele começa a arranhar tudo de você que está ao seu alcance. A dor é excruciante, você tenta afastá-lo com as mãos, ele as dilacera; você tenta afastá-lo com o pé, ele o rasga. Você corre pelo corredor vazio da casa, e ele vem no encalço, como que enganchado em sua pele da perna. A dor lhe faz perder o desejo de fazê-lo parar, e esse é substituído pelo desejo de matá-lo. Você consegue de alguma forma desvencilhá-lo da sua carne, e quando ele vem em sua direção, como que sedento, com um pulo você pisa nele com os dois pés.

'Morreu' você pensa. Não consegue ver, está com os pés em cima. Quando os levanta, vê que ele agora é cocô. Merda sólida, e que fica no chão, com seu formato típico - aquele não deformado pelos seus pés.

'Oh' diz você, 'virou cocô'.

Dói, e você vai embora.

02 maio 2010

ô

manhê, tem um bicho comendo meu coração.
faz ele parar, mãe.
senão não vai sobrar nada.

25 abril 2010

you're so nice and you're so smart
you're such a good friend I have to break your heart
I'll tell you that I love you then I'll tear your world apart
just pretend I didn't tear your world apart

I wanted to say 'and I mean it', but it sounds so cruel...
anyway, pretend this is it, will you?

23 abril 2010

Kundera [2]

"Era noite e ela andava com um passo apressado na plataforma da estação. O trem para Amsterdã já estava à espera. Procurava seu vagão."